O Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, apresenta
BRASIL SEQUESTRADO
Brasil Sequestrado é um programa de palestras performativas de artistas que expõem em primeira pessoa o sequestro da democracia no Brasil que está afetando seriamente o seu ecossistema cultural. É uma iniciativa que busca dar visibilidade à situação, gerar contextos de debate e, ao mesmo tempo, apoiar a produção e divulgação da obra de artistas brasileiros como Ricardo Marinelli, Zahy Guajajara, Alice Ripoll e Cia REC, Calixto Neto, Wellington Gadelha e Uýra Sodoma.
Brasil Sequestrado foi criado por Eduardo Bonito e Isabel Ferreira com o apoio do Festival Grec 2020 e do Antic Teatre (Barcelona) e contou com a colaboração de festivais como Tanz im August (Berlim), Zürcher Theater Spektakel (Zurique) e Transborda – Mostra Internacional de Artes Performativas de Almada (PT) na produção das suas obras.
O projeto Brasil Sequestrado no Festival Contemporâneo de São Paulo é composto de três sessões online que apresentam sete videoperformances, incluindo a estreia de uma nova obra comissionada pelo FCD e criada pelo performer e biólogo Emerson Uýra. https://composicoespoliticas.wixsite.com/brazil-hijacked
Sessão 1
4 a 15 de agosto
“Pro Futuro Quilombo”
de Calixto Neto
(20 min)
“Pytuhem: uma carta em defesa dos guardiões da floresta”
de Zahy Guajajara e Mariana Villas-Boas
(16 min)
_ Conversa entre artistas e curadores
Sessão 2
7 a 15 de agosto
“Assombro”
de Wellington Gadelha
(13 min)
“Sobre preguntas, vergonhas e cicatrizes”
de Alice Ripoll e Cia REC
(20 min)
_ Conversa entre artistas e curadores
Sessão 3
10 a 15 de agosto
“Cuidado com aquele bizarra”
de Princesa Ricardo Marinelli
(26 min)
“Manaus, uma cidade na aldeia”
Emerson Uýra
(6 min)
“Morfose”
Uýra Sodoma
(9 min)
_ Conversa entre artistas e curadores
ARTISTAS E OBRAS
CALIXTO NETO
Pro Futuro Quilombo
(2020)
4 a 15 de agosto
Calixto fala sobre suas experiências de vida e trabalho em um país marcado pelo racismo estrutural nas mãos de um governo fascista e em meio a uma pandemia. À medida que essas crises se fortalecem, os negros e as negras do Brasil ficam ainda mais expostas às políticas da morte.
Intérprete, dançarino, coreógrafo e artista plástico, Calixto Neto estudou música na Universidade Federal de Pernambuco, e posteriormente danças no Centro Coreográfico de Montpellier onde concluiu seu mestrado. Atualmente, para além da sua própria obra, que se desdobra entre a educação e a pedagogia, colabora com as coreógrafas Mette Ingvartsen e Anne Collod, entre outros artistas.
Performance e textos: Calixto Neto I Gravação: Calixto Neto I Colaboração: Luiz de Abreu, Jackeline Elesbão, Pedro Ivo Santos, Anderson Feliciano, Carolina Campos e Clément Vergé.
ZAHY GUAJARARA E MARIANA VILLAS-BÔAS
Pytuhem: uma carta em defesa dos guardiões da floresta
(2020)
4 a 15 de agosto
Zahy fala sobre sua vida na grande cidade e a luta do povo Guajajara pela preservação da floresta, sua ancestralidade e rituais. O intenso desmatamento causado por grupos de caçadores e madeireiros ilegais está esgotando os suprimentos de água e alimentos dos povos que habitam na floresta e desde que Bolsonaro assumiu a presidência, vários guardiões da floresta foram mortos.
Zahy Guajajara nasceu na Reserva Indígena de Cana Brava no Maranhão, em 2010 mudou para o Rio de Janeiro onde tornou-se “artivista” e trabalhou na TV, teatro e cinema. Mariana Villas-Bôas é carioca, cenógrafa e arquiteta com experiência em projetos para TV, teatro e cinema.
Performance: Zahy Guajajara I Direção: Mariana Villas-Bôas I Roteiro: Zahy Guajajara e Mariana Villas-Bôas I Agradecimentos: imagens cedidas de Leandro Pagliaro - curta Aiku'è e Taciano Brito, Filme Wazayzar - Guardiões da Vida.
ALICE RIPOLL / CIA REC
Sobre perguntas, vergonhas e cicatrizes
(2020)
7 a 15 de agosto
A coreógrafa carioca Alice Ripoll conversa com os membros da Cia REC sobre as realidades tão diferentes que marcam suas vidas e que refletem um Brasil de profundas desigualdades. “Falando sobre alguns de nossos trabalhos e as questões que os permeiam, elaboramos uma narrativa sobre o país que uniu nossa performance aCORDO, a política fascista de Bolsonaro, COVID-19, e as questões que esses acontecimentos levantaram no grupo”.
Alice Ripoll investiga as relações entre dança contemporânea, teatro, performance e dança urbana brasileira. A Cia REC foi criada em 2007 com jovens dançarinos da favela carioca Chácara do Céu e já se apresentou em alguns dos mais importantes festivais de dança do mundo.
Direção: Alice Ripoll I Diretor assistente: Alan Ferreira I Artistas: Alan Ferreira, Hiltinho Fantástico, Katiany Correia, Leandro Coala, Rômulo Galvão, Tony Hewerton, Tuany Nascimento I Editor: Alice Ripoll e Renato Mangolin I Diretor de Produção: Natasha Corbelino / Corbelino cultural I Produção e assistência: Thaís Peixoto I Planejamento da turnê: Art Happens I Co-produção: Festival Grec, Festival de la Cité, Kaserne, Zuercher Theatre Spektakla e Passages I Agradecimentos: Alexandre Belfort, Anita Tandeta, Cecilia Ripoll, Julia Eizirik, Laura Samy, Renato Linhares.
WELLINGTON GADELHA
Assombro
(2021)
7 a 15 de agosto
“Assombro” é uma conferência-vídeo/performática que propõe um instante poético de reflexão e um recorte favelado-nordestino de denúncia sobre a situação atual do Brasil. Em um fluxo sonoro-visual vertiginoso, por via de contrastes e diálogos entre imagens, som e leitura de um texto, esta proposta é parte de uma nova investigação em artes cênicas, que tem como objetivo conectar resistências e formas de pensar composição-luta a partir da relação com algumas plantas de proteção e de força.
Wellington Gadelha é um artista multidisciplinar negro nascido na favela que trabalha com artes visuais, dança, vídeo-dança e processos imersivos em arte-tecnologia e arte sonora. A partir do conceito de "Corpo Roleta Russa", Gadelha vivencia o corpo em diálogo com outras materialidades, improvisação e construção visual.
Concepção, Roteiro e Performance: Wellington Gadelha I Câmera, edição, foto e sonorização: Allan Diniz I Imagens de drone: Gustavo Portela I Assistência: Georgiane Carvalho I Tradução: Pablo Assumpção I Produção e Realização: Plataforma Afrontamento I Agradecimentos ao Pipa e Arte, Chocolate Pipas e a Varanda Criativa.
RICARDO MARINELLI
Cuidado com aquela bizarra
(2020)
10 a 15 de agosto
A princesa Ricardo Marinelli fala da fobia como matéria-prima do fascismo e da instrumentalização das artes vivas contemporâneas para unir e fortalecer a militância ultraconservadora no Brasil.
Princesa Ricardo Marinelli é queer, artista, pesquisadora, professora e gestora de projetos de dança e arte contemporânea. Desde 2011 coordena a plataforma criativa “Sim, somos bizarros!”.
Performance e textos: Princesa Ricardo Marinelli I Colaboração: Gabriel Machado e Rafael Guarato.
UÝRA SODOMA
Manaus, uma cidade na aldeia
(2020)
10 a 15 de agosto
Como todo o Brasil, Manaus também foi construída sobre Território Indígena. Nesta videoperformance, aparições de Uýra em locais e monumentos de Manaus trazem à superfície uma história pouco contada, inundada por trechos e consequências da violenta ocupação colonial da Amazônia central. Emerge também, a partir da Mata que conta, a resistência dos povos indígenas que permanecem habitando, de múltiplas e adaptadas formas, as cidades brasileiras sobre as Aldeias. Trabalho realizado a convite do Instituto Moreira Salles - IMS, pelo #IMSConvida.
Performer: Uýra Sodoma I Fotografia: Keila Serruya Sankofa e Alonso Junior I Trilha: Mafel I Arte: Francisco Ricardo e Associação de mulheres indígenas Sateré Mawé (AMISM) I Edição: João Paulo Machado.
MORFOSE
(2021, Estreia)
10 a 15 de agosto
“Mutar é a arte de anunciar Movimentos. Mover-se é a essência de tudo o que vive. Por transferência, convido elementos à composição de meu corpo, que se transforma a cada chegada. O corpo suporte narra em voz própria a história de cada parte, do que foi vivo, para falar de Vida, retroalimentada - é abandono de uma estrutura antiga, convite a uma nova forma de Ser - costura de uma materialidade efêmera. Morfose é voz pela forma em rito”.
Performer: Uýra Sodoma
Fotografia: Uýra e Marissel Durón
Captação de imagem: Marissel Durón
Emerson Uýra é um artista visual indígena formado em Biologia e mestre em Ecologia. Reside em Manaus, território industrial no meio da Amazônia Central, onde se transforma para viver Uýra, uma manifestação em carne de bicho e planta que se move para exposição e cura de doenças sistêmicas coloniais. Através de elementos orgânicos, utilizando o corpo como suporte, encarna esta árvore que anda e atravessa suas falas em fotoperformance e performance.